terça-feira, 25 de setembro de 2007

Realidade escolar?

Hoje foi o meu primeiro dia de estágio nas escolas. Confesso que saí de lá desiludido, não sei se com o professor ou com o sistema educacional do nosso país.
Chegando na classe de aula o docente me recebeu muito bem e foi logo avisando “olha essa classe é terrível”, como que se desculpando do que eu iria presenciar. Adentrei a classe de aula, o filósofo (a aula era de Filosofia) demorou exatos 25 minutos para iniciar sua aula, pois bem, aula começada, o filosofo passou a escrever um texto curto, com uma letra displicente e aparente má vontade, demonstrando para mim uma total falta de comprometimento com os alunos, deixando eles sem direção, totalmente perdidos. No final da aula, o professor veio a minha direção e falando de sua formação com orgulho (como que sua formação o autorizasse a fazer o que ele estava fazendo) tentando me impressionar, mas eu fiquei calado, deu vontade de falar o meu pensamento naquele momento, mas me contive, acatando assim as determinações do manual do estagiário, o pior de tudo isso foi a crítica do mesmo referente á seus alunos, ele começou a difama-los dizendo que é impossível ensinar filosofia á esses ‘topeiras’ e como um pessoal destinado a ‘carpir’ vai filosofar alguma coisa. Fiquei pasmado com tal declaração e fiquei pensando comigo ‘devo estar num lugar errado”. Acabou-se a primeira aula e os alunos saíram sem saber quem foi Pitágoras .
Entra a segunda turma, o mesmo esquema acontece, o professor demora cerca de 15 a 20 minutos para começar a aula e aproveita o conteúdo da lousa (já escrito na aula passada) e manda seus alunos copiarem. Dada a ordem, ele se aproxima até a mim e diz: “esta turma é um pouco melhor, depois que eles copiarem vou explicar o tema”aí me perguntei – com qual direito o professor tem de discriminar uma turma da outra? Cadê o compromisso do docente que tanto se fala nas aulas da Luciene e nos livros do digníssimo Libanêo? Fiquei perplexo. A aula transcorreu com uma grande bagunça generalizada e o professor impotente perante a sala. Certo momento, ele fala para classe que irá passar visto no caderno e ficou claro neste momento que este é o único recurso de coerção que ele tem sobre os alunos, mas mesmo assim quase ninguém copia.
Fim da aula. Todos saem da mesma forma que entraram: sem conhecimento de filosofia. O professor veio na minha direção perguntado se eu iria continuar com ele na próxima aula, pergunta esta respondida negativamente. Não tinha como eu ficar, me senti frustrado. Impotente. Desiludido. E para o desfecho sensacional, o filosofo me faz uma proposta indecente, ele vira-se pra mim e propõe: “Viu não precisa vir não, se você quiser eu assino as aulas pra você” Depois dessa proposta, pensei:
- será isso mesmo a realidade do nosso ensino? Ou foi apenas duas aulas que não serviriam para um parâmetro do nosso ensino? Num sei, mas ficou em mim um senso positivo de que eu posso colaborar, fazer minha parte para que o ensino possa realmente valer a pena.
A partir de hoje, concluí que certas aulas de estagio servirão apenas de parâmetro do que eu não posso fazer em uma sala de aula, enquanto professor.
Ilusão ou realidade do ensino? Somente através da minha formação e competência poderei obter resposta a esta questão. Tomara que seja ilusão. Que o docente domine a sala de aula com conteúdos e principalmente tendo um compromisso político e social com cada aluno, tornando o aluno consciente do meio em que ele vive.

Nenhum comentário: